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Sem jamais terem sido chamados para prestar informações ou um depoimento, um grupo de agricultores familiares do interior do Paraná acordou com a Polícia Federal esmurrando a porta de suas casas em 2013, por ordem do então juiz Sergio Moro. Era a operação Agro Fantasma.

Três deles contaram suas histórias – e o terror que viveram – ao Intercept. Os agricultores foram acusados suspeitos de fraudar o Programa de Aquisição de Alimentos, o PAA, do governo federal, que um ano antes havia investido R$ 586 milhões para comprar a produção de agricultores familiares e distribuí-la a escolas, creches e pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar.

As investigações se arrastaram por anos e deram origem a oito processos judiciais. Todos acabaram por confirmar o que os agricultores sempre disseram: que tudo não passou de confusão no preenchimento de planilhas. Todos os acusados foram absolvidos. O Ministério Público Federal não recorreu de nenhuma absolvição. Mas as absolvições não apagam os danos materiais, morais e psicológicos a que os agricultores foram submetidos. Eles passaram até 60 dias presos, fora da cidade onde viviam, por ordem de Moro. A associação de agricultura ecológica deles quase morreu por causa da operação.

Hoje, os produtores vítimas da arbitrariedade de Moro trabalham para retomar o tamanho que seu negócio tinha em 2013. Assista ao vídeo para ouvir as histórias dos agricultores.